O século XX foi um período marcante para a Sérvia, abrangendo mudanças significativas na vida política, social e cultural do país. A Sérvia passou por duas guerras mundiais, golpes políticos, transformações sociais e a consolidação como um estado independente. Este artigo é dedicado aos eventos e processos chave que moldaram o destino da Sérvia ao longo de todo o século.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) teve um enorme impacto na Sérvia. O conflito começou com o assassinato do herdeiro austríaco Franz Ferdinand em Sarajevo, que se tornou a justificativa para a guerra entre a Áustria-Hungria e a Sérvia. A Sérvia, parte da Entente, foi um dos primeiros países a ser atacado.
A Sérvia demonstrou uma coragem e resistência inacreditáveis na luta contra as forças austro-húngaras e alemãs, no entanto, no final de 1915, o país foi ocupado. Muitos sérvios foram forçados a fugir para países vizinhos. Apesar dos sofrimentos causados pela guerra, o fim do conflito em 1918 levou à criação do Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, que uniu os eslavos do sul.
O período entre guerras foi um tempo de instabilidade para o novo estado. O sistema político sofria com conflitos entre diversos grupos étnicos e partidos políticos. O governo tentou implementar reformas, mas problemas econômicos e divergências políticas impediam o desenvolvimento do país.
Em 1929, o Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos foi renomeado para Reino da Iugoslávia, refletindo a tentativa de criar um estado nacional mais unido. No entanto, as tensões étnicas e o descontentamento entre croatas e outros grupos continuaram a ameaçar a estabilidade.
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi mais um teste para a Sérvia. Em 1941, a Alemanha nazista e seus aliados ocuparam a Iugoslávia, dividindo o país em vários estados fantoches. A Sérvia esteve sob uma ocupação brutal, que levou a repressões em massa, assassinatos e genocídio.
Os partidários, liderados por Josip Broz Tito, organizaram a resistência contra os nazistas, travando uma luta ativa contra os ocupantes. Em 1945, após o fim da guerra, os partidários saíram vitoriosos, e a Iugoslávia foi restaurada como uma federação socialista, com a Sérvia tornando-se uma de suas repúblicas.
Após a guerra, a Sérvia passou por transformações sociais e econômicas. O país foi declarado socialista, e começou a nacionalização da indústria e da terra. Sob a liderança de Tito, a Iugoslávia tornou-se um país socialista autônomo, adotando uma política independente e evitando a subordinação à União Soviética.
Tito implementou a política de "irmandade e unidade", visando suavizar os conflitos interétnicos. No entanto, as tensões étnicas continuaram a existir, especialmente entre sérvios, croatas e albaneses. Este período também foi marcado pelo desenvolvimento econômico e pelo aumento do bem-estar, mas com problemas econômicos que se tornaram evidentes na década de 1980.
Após a morte de Tito em 1980, a crise na Iugoslávia começou, exacerbada por dificuldades econômicas e crescentes sentimentos nacionalistas. Em 1991, começaram as separações das repúblicas, levando a uma guerra civil e violência na região. A Sérvia, sob a liderança de Slobodan Milošević, tentou manter a unidade da Iugoslávia, mas isso levou a conflitos com as repúblicas vizinhas.
Em 1992, foi formada a República Federal da Iugoslávia, que incluía a Sérvia e Montenegro, no entanto, a comunidade internacional não reconheceu essa federação devido ao seu papel nos conflitos na Croácia e na Bósnia. A Sérvia enfrentou isolamento internacional, sanções econômicas e crises humanitárias.
No início dos anos 2000, a Sérvia iniciou um processo de democratização. Em 2000, ocorreu a "Revolução da Veludo", que derrubou Milošević e marcou o início de reformas. No entanto, as questões relacionadas ao Kosovo permaneciam relevantes, e em 2008, o Kosovo proclamou sua independência, o que foi visto pela população sérvia como uma traição.
A Sérvia continuou a buscar a integração com a União Europeia, realizando as reformas necessárias e melhorando suas relações com os países vizinhos. A economia começou a se recuperar, mas o nível de vida permanecia baixo, e os problemas sociais continuavam a ser uma prioridade.
O século XX foi um período de mudanças radicais para a Sérvia, abrangendo guerras, revoluções, socialismo e democratização. Essa experiência histórica moldou o rosto moderno do país e de seu povo, além de deixar uma profunda marca na memória do povo sérvio. A Sérvia continua sua transformação, enfrentando desafios e oportunidades no século XXI, buscando estabilidade e prosperidade em um mundo em mudança.