O Irã, um país com uma história riquíssima e um legado cultural, passou por mudanças significativas em sua simbologia nacional ao longo dos séculos. A evolução das bandeiras, brasões e outros símbolos reflete as dinâmicas mudanças na estrutura política e religiosa do estado, desde os tempos antigos até os dias atuais. Neste artigo, vamos explorar como a simbologia nacional do Irã evoluiu, desde a era aquemênida até a atual República Islâmica.
A história da simbologia nacional do Irã tem suas raízes no período da Antiga Pérsia. Na era do Império Aquemênida (550-330 a.C.), vários símbolos eram utilizados, refletindo o poder e a grandeza do estado. Um dos símbolos mais conhecidos da época é o “Faravahar” — uma imagem de um disco alado com uma figura humana no centro. O Faravahar era considerado um símbolo do zoroastrismo e personificava a proteção e a orientação divina. Ele também simbolizava a luta entre o bem e o mal e a busca pela perfeição espiritual.
Outro elemento importante da simbologia aquemênida eram as representações de leões, touros e grifos que adornavam palácios e templos. Essas imagens enfatizavam o poder e a força dos reis persas. Embora os aquemênidas não tivessem uma bandeira nacional única em seu sentido moderno, sua simbologia influenciou as dinastias posteriores.
Após a queda dos aquemênidas, surgiu no Irã o Império Sassânida (224-651 d.C.), que também possuía uma rica simbologia nacional. O brasão dos sassânidas era um símbolo na forma de um altar de fogo, relacionado à difusão do zoroastrismo como religião estatal. Os sassânidas consideravam o fogo sagrado, e suas representações podiam ser encontradas em moedas, estelas e bandeiras. Os altares de fogo simbolizavam pureza, luz e retidão.
Durante a era sassânida, também eram usados símbolos que lembram leões e águias modernas, o que realçava o poder e a grandeza do império. Essas imagens refletiam a influência da cosmologia zoroastriana e a noção de proteção divina dos reis persas. Na era sassânida, surgem também os primeiros análogos das bandeiras nacionais, embora não tivessem um design padrão e fossem usados principalmente por contingentes militares.
Após a conquista do Irã pelos árabes no século VII e a disseminação do Islã, a simbologia do país sofreu mudanças significativas. Os símbolos zoroastrianos foram gradualmente substituídos pela simbologia religiosa islâmica. Os principais elementos da simbologia nacional passaram a ser as representações da lua crescente e da estrela, que personificavam o Islã e sua disseminação vitoriosa.
No Irã medieval, brasões e bandeiras foram usados por várias dinastias, incluindo os Seljúcidas, os Hulaguídas e os Safávidas. Por exemplo, durante os Safávidas (1501-1736), as bandeiras apresentavam um disco solar com uma face ou uma imagem de um leão com uma espada, o que simbolizava o poder e a grandeza do xá. Os safávidas usaram ativamente a simbolismo do leão e do sol, que se tornaram elementos importantes da cultura iraniana e da sua simbologia nacional.
Durante o reinado da dinastia Qajar (1789-1925), o símbolo do leão e do sol tornou-se o brasão oficial do Irã. O leão personificava força e poder, enquanto o sol simbolizava luz e esclarecimento. Este brasão era usado em bandeiras nacionais, moedas e documentos oficiais. Os Qajares contribuíram significativamente para a consolidação deste símbolo como um dos mais importantes na história do Irã.
No século XIX, o brasão do leão e do sol começou a ser complementado por vários elementos, como uma coroa e inscrições, simbolizando a soberania e a independência do Irã. Neste período, o Irã começou a interagir ativamente com potências europeias, o que levou à alteração de alguns elementos da simbologia nacional sob a influência dos padrões ocidentais.
Após a ascensão da dinastia Pahlavi (1925-1979), a simbologia nacional do Irã mudou novamente. O xá Reza Pahlavi buscou modernizar o país e se livrar de elementos associados ao Islã tradicional. No entanto, o símbolo do leão e do sol permaneceu como o brasão principal do Irã até a revolução de 1979. Durante este período, a bandeira do Irã representava um tricolor com faixas horizontais verde, branca e vermelha, e a imagem do leão e do sol no centro.
Com o xá Mohammed Reza Pahlavi, a simbologia do estado assumiu um caráter mais secular e nacionalista. Foram tomadas medidas para reformar a identidade nacional, embora isso não tenha conseguido impedir o crescimento do descontentamento popular, levando à Revolução Islâmica.
Após a derrubada da monarquia e a proclamação da República Islâmica em 1979, ocorreram mudanças radicais na simbologia nacional do Irã. O novo brasão, desenvolvido sob a liderança do aiatolá Khomeini, é uma representação estilizada da palavra “Alá” e uma espada que também lembra um tulipa — símbolo dos mártires que morreram pela fé islâmica. Este brasão reflete os ideais islâmicos e revolucionários do novo governo.
A bandeira do Irã também foi alterada. A cor verde simboliza o Islã, a branca — a paz, e a vermelha — o sangue dos mártires que caíram pela liberdade. Na faixa branca da bandeira, foi colocado o novo brasão, e ao longo das faixas verdes e vermelhas, a frase “Alá Akbar” (Deus é Grande) é repetida 22 vezes, simbolizando a data da vitória da Revolução Islâmica (22 de Bahman no calendário iraniano).
A simbologia nacional moderna do Irã reflete valores islâmicos e ideais revolucionários. O brasão da República Islâmica tornou-se um símbolo de orgulho nacional e compromisso religioso, enquanto a bandeira é um sinal de soberania e independência do país. Apesar das mudanças ocorridas após a revolução, muitos elementos da simbologia, como a combinação de cores e alguns símbolos, mantêm suas raízes na antiga cultura persa.
A história da simbologia nacional do Irã demonstra como as mudanças políticas e sociais influenciaram a formação da identidade nacional do país. Desde os antigos símbolos zoroastrianos até os sinais revolucionários islâmicos — cada etapa reflete o espírito da época e os valores que são importantes para a sociedade iraniana em diferentes momentos de sua história.
A história da simbologia nacional do Irã é um reflexo de uma luta secular pela identidade, ideais religiosos e políticos. A evolução da simbologia desde a era aquemênida até os dias atuais mostra como os símbolos podem mudar sob a influência do tempo, mas ainda assim manter sua conexão com o legado cultural e histórico do país. Hoje, a bandeira e o brasão do Irã não são apenas símbolos oficiais do estado, mas também fontes de orgulho nacional e unidade para o povo iraniano.