A história medieval da Geórgia é um momento de florescimento do estado georgiano, sua influência cultural e política no Cáucaso. Ela inclui períodos de grandeza e independência, bem como de perda temporária de autonomia. Vamos considerar os principais marcos da história georgiana dessa época.
O início da Idade Média para a Geórgia é marcado pela luta pela independência e pela afirmação da estatalidade. Após a adoção do cristianismo no século IV, a Geórgia tornou-se um dos primeiros países do mundo a tornar o cristianismo a religião estatal. Isso desempenhou um papel importante na formação de sua cultura e identidade.
No início da Idade Média, o território da Geórgia era composto por vários reinos, entre os quais os principais eram o Reino Ibérico (Kartli) e a Colchida. No século V, o Reino Ibérico se fortaleceu sob o governo de Vahtang Gorgasal, que expandiu significativamente o território do estado e fundou a cidade de Tbilisi, futura capital da Geórgia.
No entanto, nos séculos VI-VII, a Geórgia sofreu invasões estrangeiras, especialmente por parte dos Impérios Bizantino e Persa. Esses dois grandes estados lutavam ativamente por influência na região, e as terras georgianas frequentemente se tornavam um campo de batalha. Apesar disso, os georgianos continuaram a preservar sua cultura e a fé cristã, que se tornou um fator importante de unidade nacional.
A partir do século VIII, a Geórgia ficou sob o controle do Califado Árabe. Tbilisi tornou-se o centro do Emirado de Tbilisi, que existiu por vários séculos. O domínio árabe deixou sua marca na cultura e na política georgiana, mas a resistência aos árabes não cessou. Príncipes e reis locais continuaram a lutar pela independência, buscando libertar as terras georgianas do jugo estrangeiro.
No século IX, iniciou-se o processo de renascimento da estatalidade georgiana. A dinastia Bagrationi teve um papel importante nesse processo, com representantes que conseguiram unir as terras georgianas e dar início ao processo de libertação do domínio árabe. O rei Ashot I foi um dos primeiros governantes a iniciar a unificação da Geórgia. Seus descendentes continuaram essa tarefa, levando ao fortalecimento do poder dos monarcas georgianos.
O período de XI a XIII século é conhecido como a Idade de Ouro da história georgiana. O reino georgiano alcançou seu auge de poder sob o reinado do rei David IV, o Construtor, e da rainha Tamara. Este período é marcado pela estabilidade política, expansão territorial e florescimento cultural.
David IV, chamado de O Construtor, subiu ao poder em 1089 e tornou-se uma das figuras mais notáveis da história georgiana. Ele começou a governar em um tempo difícil, quando as terras georgianas eram alvo de invasões por tribos nômades, em particular, os seljúcidas. David realizou reformas em larga escala, fortaleceu o exército, desenvolveu a economia e centralizou o poder. Sob sua liderança, em 1121, na Batalha de Didgori, uma vitória decisiva foi ganha sobre os seljúcidas, o que se tornou um ponto de virada na história georgiana.
Além disso, durante o reinado de David IV, a Igreja Georgiana foi fortalecida, e começaram a ser construídas grandes catedrais e mosteiros, muitos dos quais se tornaram centros culturais e espirituais da Idade Média. O rei dedicou atenção especial ao desenvolvimento da educação, abrindo escolas e academias.
Após David IV, seu neto Tamara ascendeu ao trono, governando a Geórgia de 1184 a 1213. Seu reinado também é considerado o auge do poder georgiano. Tamara não apenas continuou a política de seus predecessores de expansão e fortalecimento do estado, mas também conseguiu um incrível florescimento cultural. Neste período, a Geórgia expandiu suas fronteiras, estendendo sua influência às terras atuais da Armênia, Azerbaijão e do Cáucaso do Norte.
Tamara também contribuiu para o desenvolvimento da cultura: durante seu governo, o famoso poeta Shota Rustaveli criou a grande epopeia "O Cavaleiro na Pele de Tigre", que se tornou um símbolo da literatura e do espírito georgiano. Sob o comando de Tamara, novos templos, mosteiros e palácios foram erguidos, que permanecem até hoje como exemplos notáveis da arquitetura medieval.
Após a morte de Tamara e das gerações seguintes de governantes, a Geórgia começou a enfrentar novos desafios. No século XIII, a região foi invadida pelos mongóis. Em 1220, os exércitos mongóis invadiram o Transcáucaso, e a Geórgia foi forçada a pagar tributo aos mongóis. Embora os governantes georgianos tentassem manter a autonomia, o domínio mongol minou a estabilidade econômica e política do país.
No século XIV, a Geórgia se tornava ainda mais fraca devido a conflitos internos e novas ameaças, em particular as invasões do timúrida Tamerlão. Suas campanhas devastaram cidades e vilarejos georgianos, levando a perdas significativas para a economia e a cultura do país. Esses eventos minaram substancialmente o poder da Geórgia, que gradualmente começou a perder sua influência na região.
Após a invasão mongol e as guerras timúridas, a Geórgia começou a se fragmentar em principados e reinos separados. Nos séculos XIV-XV, a estatalidade georgiana passou por um período de fragmentação feudal, tornando-a vulnerável a inimigos externos. Nesse período, a influência dos otomanos e persas aumentou, que lutavam pelo controle do Cáucaso.
Apesar do enfraquecimento do poder central, a cultura georgiana continuou a se desenvolver, e príncipes e reis locais tentaram preservar a independência de suas terras. A Geórgia permaneceu um importante centro de cultura cristã no Cáucaso, apesar das constantes ameaças das potências muçulmanas.
A Idade Média na história da Geórgia foi um tempo de grande florescimento e profundas convulsões. Períodos de poder, como o reinado de David IV e Tamara, foram seguidos por épocas de crises e invasões. No entanto, o povo georgiano conseguiu preservar sua cultura única, fé e consciência nacional, o que ajudou o país a resistir em tempos difíceis. A influência da Geórgia medieval no desenvolvimento da região e seu patrimônio cultural permanecem componentes importantes de sua história até os dias de hoje.